mixtape — #6: zero

PH Rosa
1 min readJun 18, 2021

--

“Peguei até o que era mais normal de nós
E coube tudo na malinha de mão do meu coração”
Liniker e os Caramelows

com um calor no peito, tocou a campainha e esperou a porta abrir. entrou no apartamento com certo brilho no olhar e se entregou timidamente ao abraço protetor. aos poucos o cheiro da pele pálida foi lhe acalmando. o beijo no pescoço causou arrepios e um riso. os olhos negros se encontraram, cúmplices e felizes.

o sol da tarde entrava pela janela e iluminava os corpos que se despiam ali mesmo na sala. com delicadeza, se tocaram para relembrar as formas e a textura da pele. de um lado mãos trêmulas, de outro, firmes, desmanchando a saudade. os lábios se encontraram em um beijo lento. quente como o dia de outubro.

foram se redescobrindo aos poucos. cabelos molhados de suor, o toque da barba, respiração ofegante. conversavam com língua, saliva, cheiro, dedos. abria caminho pela imensidão de pele, exalava calor enquanto os músculos se contraíam.

se desgrenharam, se bagunçaram, num misto de amor e instinto. no fim, o êxtase tomou conta e ficaram um sobre o outro, enquanto a tarde se despedia entre beijos e carícias.

--

--

PH Rosa

Jornalista, crio playlists, faço bolos e escrevo contos curtos de vez em quando